A elaboração de projetos dispõe do apoio da ferramenta “marco lógico” no planejamento de e na definição de indicadores para avaliação.
Também conhecido como matriz 4×4 ou matriz de metas, esta ferramenta é utilizada no processo de concepção, desenho, execução e avaliação de projetos.
O objetivo central é oferecer uma estrutura lógica comum e possibilitar uma reunião de informações sobre os projetos.
Desenvolvido na década de 70 pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), respondia a carência de precisão e múltiplos objetivos não alinhados com as atividades do projeto; definição das responsabilidades dos gestores em caso de insucesso do projeto; e, por último, pouca clareza sobre os resultados desejados pelo projeto, o que dificulta a avaliação e a comparação (BID, 1997; ADULIS, 2002c).
Como uma matriz de quatro por quatro, as linhas compreendem as informações a respeito da finalidade, propósito, componentes e atividades do projeto.
As colunas são as informações sobre como os objetivos, indicadores, meios de verificação e pressupostos estão relacionados com aquela informação.
Objetivos | Indicadores | Meios de verificação | Pressupostos | |
Finalidade | As finalidades do projeto mostram a contribuição dele para a solução de um problema social. | Medem o impacto final do projeto. Devem especificar quantidade, qualidade e prazos. | São as fontes de informação que podem ser utilizadas para verificar se os objetivos foram alcançados. | Indicam condições, acontecimentos e decisões importantes para a sustentabilidade dos benefícios gerados pelo projeto. |
Propósito | Os propósitos diretos a serem alcançados com a aplicação dos componentes produzidos durante o projeto. | Medem os resultados alcançados ao final do projeto. Devem incluir metas que reflitam a situação ao final do projeto. | São as fontes de informação que podem verificar se os objetivos estão sendo alcançados. | Indicam condições, acontecimentos ou decisões que devem ocorrer para que o projeto contribua significativamente para os impactos desejados. |
Componentes | São os serviços e/ou produtos criados no âmbito do projeto. | São descrições breves e claras sobre quantidade, qualidade dos componentes do projeto e seus prazos de execução. | Onde encontrar informações sobre os componentes produzidos. | Suposições, condições ou acontecimentos que devem ocorrer para que os componentes do projeto levem aos resultados desejados. |
Atividades | São as tarefas que devem ser executadas para completar cada um dos componentes do projeto. | O orçamento de cada componente do projeto e de suas atividades. | Indica as fontes de informação para o acompanhamento da execução das atividades (cronograma) e do orçamento do projeto. | São acontecimentos, condições ou decisões fora do controle do gerente do projeto que precisam ocorrer para que os componentes sejam completados adequadamente. |
Segundo o BID (1997), a matriz deve ser preenchida de baixo para cima e da esquerda para a direita, iniciando-se pela descrição das atividades até que se chegue à coluna de pressupostos, e assim por diante, até completar o último nível, que trata do objetivo que se espera alcançar com o projeto.
A definição de pressupostos ou hipóteses do projeto compreende os seguintes riscos: ambientais, financeiros, institucionais, sociais, políticos, ou outros fatores causadores de fracasso.
Um ponto a ser considerado é que, na época em que foi criada a matriz de marco lógico, não era considerada a opinião da população ou comunidade; por isso, as organizações passaram a utilizar em conjunto o marco lógico com metodologias participativas.
Assim, a aplicação da matriz auxilia para o planejamento das etapas do projeto, bem como dos objetivos, atividades e indicadores necessários a cada fase.
No entanto, um ponto negativo é o fato de não serem empregados indicadores de desempenho para medição de doadores ou beneficiários. Para cobrir essa lacuna, devem-se criar indicadores voltados para as perspectivas dos clientes (doadores e beneficiários), que são mensurados pelo balanced scorecard (BSC).
Revista de Gestão USP, São Paulo, v. 15, n. especial, p. 75-91, 2008